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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Copenhague 2009 - Civilização Maia

A história traz lições que não devem ser ignoradas. Mudanças climáticas muito menores e mais localizadas do que as que ameaçam o mundo agora já varreram culturas do mapa outras vezes no passado. Acredita-se que a falta de capacidade de enfrentar desequilíbrios ambientais tenha sido fator determinante para o declínio da civilização maia, dos vikings da Groelândia, povo Nazca do Peru e dos rapa nui, os primeiros colonizadores da Ilha de Páscoa.
Vamos falar um pouco dos maias:

Coordenador do Laboratório de História e Ecologia da UFRJ, José Augusto Pádua, explica que povos que já estavam no limite simplesmente não conseguiram enfrentar alterações em seu mundo. O clima não os eliminou de uma só vez, mas foi o fator determinante num processo de declínio.
Estudos indicam que um violento El Niño teria sido o golpe final para a civilização maia, que já havia esgotado a maioria dos recursos naturais que propiciaram o seu desenvolvimento. Ocorreu uma queda demográfica. As grandes cidades e construções, como pirâmides, foram abandonadas e os sobreviventes voltaram-se para organizações menores. Os maias habitaram o México, Guatemala, Belize e Honduras por cerca de 3.500 anos.Desapareceram pouco antes da chegada dos europeus. Desenvolveram refinada astronomia, um calendário de 365 dias, escrita por hieróglifos e um sistama matemático. Mas isso não foi suficiente para que sobrevivessem como cultura. Foram vítimas da destruição das florestas e de um crescimento demasiado da população. As florestas que hoje cercam os sítios arqueológicos maias são secundárias, não foi a floresta conhecida por aquela civilização.
Amostras de pólen datadas por pesquisadores monstram que, no período final dos maias, dos anos 600 a 850, a quantidade de árvores na região era praticamente nula. Neste período, segundo Alexandre Navarro da Universidade do Maranhão, que estuda a cultura maia, a temperatura da região aumentou 4 graus Celsius. O último registro daquela civilização é de 909. À época diversas cidades já haviam sido abandonadas. Só conseguiram sobreviver as cidades próximas aos lagos, que lidaram em melhores condições com a seca e estavam integradas a uma rota de comércio a longa distância - assinala o pesquisador. Mas até os lagos ficaram esgotados, assim como o solo, graças à prática de queimadas na agricultura.
As outras culturas civilizações citadas acima falaremos em outra oportunidade.

Parte do texto retirado e adaptado da reportagem de Renato Grandelle, Jornal O Globo, CIÊNCIA, página 44, edição de sábado, 5 de Dezembro de 2009.

Opinião

Como observamos, pela experiência da civilização maia, a história se repete. Os traços históricos são muito semelhantes ao que estamos vivendo agora. A diferença acentuada que podemos observar é o conhecimento tecnológico que possuímos. Na época da civilização maia, eles não tinham desenvolvido tecnologia suficiente para se protegerem ou prevenirem da iminente catástrofe. Não é o nosso caso. Somos detentores de conhecimento suficiente para mudarmos o quadro atual minimizando as consequências futuras.
O mundo experimenta mudanças climáticas nunca vistas, que geram prejuízos não somente humanos, mas também econômicos, prejudicando milhões de pessoas.
O país ou países que se recusarem a reduzir sensivelmente agora as emissões de gases que poluem a nossa atmosfera e geram o efeito estufa, estarão cometendo um genocídio com o seu próprio povo.
No futuro, não tão longe assim, conforme a observação dos fatos e previsões científicas, as mudanças climáticas provocarão fome e filas imensas atrás de comida, novas epidemias com o surgimento de vírus cada vez mais resistentes e mutantes, sobrecarga nos leitos hospitalares, déficit na economia de diversos países, etc... . Com isso, obviamente, virão as guerras "por um mundo melhor". Será que isso já começou?
Esperamos que os países que formam a conferência internacional sobre mudanças climáticas em Copenhague, cheguem a conclusão óbvia de que há a necessidade de trabalharem juntos com metas reais e não folclóricas, como a exemplo a proposta dos EUA.