Curioso é que um mal maior assola o nosso País e poucos fingem não ver, ou é mais tolerável porque se tornou mais comum que os crimes cometidos por menores de idade. São os crimes motivados pela corrupção dos homens e mulheres com idade acima dos 18 anos, que assumem posições administrativas nos governos de níveis Federal, Estadual e Municipal eleitos pelo voto direto das mesmas pessoas que serão as suas vítimas futuras.
Esses administradores públicos, quando no poder, fingem administrar a educação e permitem que haja milhões de analfabetos completos e funcionais; centenas de escolas sem condições mínimas de abrigar as crianças ou jovens que lá estudam.
Fingem tratar com dignidade a área da saúde, no entanto, permitem que dezenas e dezenas de pessoas entre crianças, jovens e idosos morram sem a menor dignidade deitados nos corredores dos hospitais tão precários, que sequer têm soro ou algodão para um curativo; dezenas de mulheres grávidas perdem os seus filhos porque um enfermeiro ou um médico lotado em um posto de saúde, não possui competência para fazer um parto de emergência e, quando possuem, são engessados por leis que os restringem alegando falta de condições adequadas para tal.
Fingem cuidar dos transportes, enquanto empresários que vivem desrespeitando os usuários em trem, metrô ou ônibus, permitem acontecer diariamente atrasos, desrespeito aos usuários, acidentes que matam pais, mães, filhos, nossos amores sem piedade e, não são nem sequer inspecionados periodicamente.
Fingem não ver e não saber o que está acontecendo à sua volta, quando ministros ou secretários dos seus governos, são flagrados em atos obcenos de corrupção ativa e nem sequer são punidos com excelência moral pelas leis, pois foram eles mesmos que as fizeram.
Promovem acordos entre os partidos políticos que venham a favorecer esse ou aquele segmento dos seus interesses pessoais, quando deviam fazer um acordo moral para que se cessassem as irresponsabilidades administrativas e a corrupção corrosiva que afeta a sociedade.
No entanto, não vejo nenhum movimento de políticos, artistas e outras classes sociais exigindo alterações nas leis que regem a política judiciária contra esses que "desviam", constantemente verbas dos contribuintes para os seus próprios cofres e, sequer passam um ano na cadeia. No entanto, se nós, simples mortais roubássemos uma caixa de margarina vegetal, vejam bem, não é manteiga, provavelmente ficaríamos bem mais tempo que eles presos.
Deve-se pensar, antes de se aprovar esse tipo de lei da maioridade penal, que na verdade, esses jovens são vítimas da sociedade que os abriga e permite que eles atuem dessa forma. Devido a quase total ausência de políticas públicas voltadas para os jovens a partir dessa idade e que vivem à beira das misérias social e moral.
Esses jovens convivem sob o teto de famílias desestruturadas emocional e financeiramente, sendo segregadas a guetos em nossa sociedade e configurando a parte excluída que pertence aos livros de sociologia, ocasionando o arrastar por vários anos do aumento da violência em nosso país. Não será prendendo os nossos menores que resolveremos um problema social tão grave. No entanto se conseguirmos excluir da nossa sociedade através de leis mais rigorosas, promovendo mudanças no judiciário e na nossa estrutura política a corrupção e os favorecimentos gerados por ela, iremos com toda certeza melhorar a questão da violência em todos os níveis, não acabando definitivamente com ela, porém permitindo que um passo muito importante venha a ser dado em direção a novos tempos.
"Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder."
Abraham Lincoln